domingo, 20 de dezembro de 2009

Declaro aqui que estou desistindo de mim.

Não leve isso tão a sério, eu apenas quis dar um pouco de drama a essas palavras, o que não quer dizer que você deve ignorá-las como se elas não significassem nada. Na verdade, eu queria que fosse mais prático, queria poder dizer com poucas palavras o tudo que está acontecendo, mas não consigo. Não sei mais me expressar... Acho que andei evitando pessoas demais nos últimos tempos e desaprendi a "falar". Nem eu sei o que eu quero dizer. Eu sei que todos precisamos de pessoas ao nosso redor, conversar, trocar ideias, mas eu não sinto essa necessidade. Eu gosto de ficar sozinha e me acham estranha por isso. Não que eu goste desse rótulo, mas o que fazer? É assim que eu sou, até que me provem o contrário.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Drama

Desculpe-me, mas não posso continuar. O tempo passou e, com ele, a ingenuidade que tinha se perdeu em minha infância. Meus olhos não brilham mais como antes, quando estavam á procura de novas histórias, quando viam somente o que queriam ver... Mas são olhos espantados, mais maduros que antes, de quem está descobrindo o verdadeiro mundo. Não há como voltar nem recuperar toda a beleza perdida, e não há como prosseguir sem ter se deixado afetar pelos grandes rasgos no nosso coração. Corrompidos, teremos que continuar. Cresceremos sabendo que uma grande parte de nós se estragou e que a outra enfraquece a cada dia, lutando para trabalhar em dobro e não perder o pouco de dignidade que nos resta. Envelheceremos rezando para que não seja tarde demais e que a geração futura perceba o vazio que está substituindo a expressão de seus rostos.

domingo, 18 de outubro de 2009

Desilusão

Príncipes saíram de moda. Diga-me o que há de interessante em cavalos, castelos, e toda essa 'pieguisse romântica de mundo encantado'? Sempre gostei das histórias que fugiam disso. Casais totalmente fora dos padrões, vivendo nesse mundo de podridão, mas extraindo o que havia de melhor em cada um e aprendendo a conviver com os defeitos que encontravam. Casais em busca de aventuras, sem uma trilha certa, apenas procurando por diversão... Cometendo erros, mas sendo felizes. O inusitado é mais excitante que o previsto. Não existe a fórmula perfeita para nada, nós mesmos fazemos o que estiver ao nosso alcançe para moldar a nossa felicidade.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Um diário

Um diário é um amigo? Uma companhia? Também. Mas é sobretudo a duplicação da gente mesmo, espelho que não se apaga quando o rosto se retrai ou muda, álbum de retratos que conserva muito mais que um belo sorriso e a paisagem de fundo. Quieto, compreensivo, calmo, o diário está ali, aberto e limpo. Oferecendo seu espaço, no qual você vai desenhar a sua vida e ele apenas... receber. Ele não tem recriminações a fazer, ele não diz que a culpa é sua, ele não encosta dedos na ferida. Como uma cama, como um mar, ele recebe. Você escreve muito se a emoção é forte, vai e volta e repete e repisa o mesmo assunto. Ninguém conta seu tempo, ninguém conta suas páginas. Você pode escrever até a mão cansar, até a alma aliviar. Você pode escrever e escrever e escrever. Ele aceita. E quando não quiser escrever mais, é só fechar e guardar o diário que ele mais nada exigirá. Não me diga que não tem o que contar. Você é o centro do seu universo, nada é mais importante do que aquilo que lhe diz respeito. Isso é que faz o encanto do diário. Se fosse usado apenas para registrar a queda do governo ou a evolução dos projetos orbitais, seria desnecessário, porque para isso já existe a imprensa, os arquivos, os registros da memória nacional. O diário serve justamente para conservar o pequeno acidente humano e individual, sua discussão com um amigo, o namoro lancinante, a dúvida sobre a roupa para usar naquela festa... O diário serve para conservar você. (Marina Colasanti)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Defeitos

É difícil admitir que temos defeitos e encarar a realidade de que nada fazemos para melhorar aquilo que somos. Com o tempo, aprendemos a conviver com isso e, por fim, acabamos por aceitar o que nos tornamos. Engraçado é que gostamos de ser assim, e temos aversão á mudança. Não gostamos da idéia de nos desfazermos daquilo que construímos, por mais torto que seja. Esse negócio de busca pela perfeição não funciona mais. O que as pessoas querem, hoje em dia, é mostrar o quão imperfeitas são, e que isso é perfeitamente aceitável. Ser errado é o mais normal que podemos ser.

sábado, 26 de setembro de 2009

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar. (Clarice Lispector)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quem sou eu?

Sim. Sou, definitivamente, o que você acha que eu sou. Tanta coisa já dita... Um tudo que forma um todo. Na verdade, o que eu aprendi nesses breves anos de existência, com minuciosa observação, é que sempre fica uma coisa vaga a meu respeito. Há sempre uma confusão ao tentar decifrar os meus pensamentos. É divertido e ao mesmo tempo frustrante. Divertido pelo mistério da adivinhação, que é excitante, e frustrante porque é difícil confiar em alguém que não se conhece realmente. Na verdade, há algo de antagônico por todo o meu eu. Uma das coisas que mais me intrigam é a expressão de criança e o ar de frieza que insistem em se confundir no meu rosto. Difícil acreditar, mas é puro fato. Só uma coisa: não confunda essas minhas confusões. Posso parecer solitária e distante, mas isso não significa tristeza. Ficar sozinha me traz conforto e paz. “É bom, ás vezes, se perder. Sem ter porque, sem ter razão...”. Por fim, só eu sei a confusão que há dentro de mim. E o que isso tudo quer dizer? Eu não faço a mínima idéia e nem tenho intenção de descobrir, não agora. Ainda tem tanta coisa por vir, pra acontecer, enfim... Tem muito o que viver. A vida não precisa de sentido para vivê-la. No final você descobre que não existe sentido pra nada. É nisso que eu aposto, e você?