segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Defeitos

É difícil admitir que temos defeitos e encarar a realidade de que nada fazemos para melhorar aquilo que somos. Com o tempo, aprendemos a conviver com isso e, por fim, acabamos por aceitar o que nos tornamos. Engraçado é que gostamos de ser assim, e temos aversão á mudança. Não gostamos da idéia de nos desfazermos daquilo que construímos, por mais torto que seja. Esse negócio de busca pela perfeição não funciona mais. O que as pessoas querem, hoje em dia, é mostrar o quão imperfeitas são, e que isso é perfeitamente aceitável. Ser errado é o mais normal que podemos ser.

sábado, 26 de setembro de 2009

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar. (Clarice Lispector)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quem sou eu?

Sim. Sou, definitivamente, o que você acha que eu sou. Tanta coisa já dita... Um tudo que forma um todo. Na verdade, o que eu aprendi nesses breves anos de existência, com minuciosa observação, é que sempre fica uma coisa vaga a meu respeito. Há sempre uma confusão ao tentar decifrar os meus pensamentos. É divertido e ao mesmo tempo frustrante. Divertido pelo mistério da adivinhação, que é excitante, e frustrante porque é difícil confiar em alguém que não se conhece realmente. Na verdade, há algo de antagônico por todo o meu eu. Uma das coisas que mais me intrigam é a expressão de criança e o ar de frieza que insistem em se confundir no meu rosto. Difícil acreditar, mas é puro fato. Só uma coisa: não confunda essas minhas confusões. Posso parecer solitária e distante, mas isso não significa tristeza. Ficar sozinha me traz conforto e paz. “É bom, ás vezes, se perder. Sem ter porque, sem ter razão...”. Por fim, só eu sei a confusão que há dentro de mim. E o que isso tudo quer dizer? Eu não faço a mínima idéia e nem tenho intenção de descobrir, não agora. Ainda tem tanta coisa por vir, pra acontecer, enfim... Tem muito o que viver. A vida não precisa de sentido para vivê-la. No final você descobre que não existe sentido pra nada. É nisso que eu aposto, e você?