quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Para aquele

o problema não é esquecer
é lembrar - sempre -
às 10 da noite
à 1 da manhã
no meio da música que toca
durante a insônia costumeira
ai, a insônia costumeira
ai, as lembranças
faz tanto tempo que não sei se aconteceu
acho que inventei grande parte
desse aglomerado de palavras, gestos, olhares
sorrisos, beijos, revelações, toques, sensações
que eu senti, que a gente compartilhou
                                                               [um com o outro]
você se lembra?
era o que eu gostaria de perguntar
mas eu fui embora, você ficou
eu disse coisas demais, e acho que você gostou
mas não o suficiente
eu disse coisas demais, disse coisas crueis
disse que te amava and i mean it
você sabe, não sabe?
era o que eu gostaria de saber
mas você ficou com outra
                                           [pessoa]
e não nos falamos mais desde então.
eu deixei marcas, e foi proposital
porque você foi meu durante algumas horas
e eu estava prestes a ir embora.
eu queria sentir o gosto,
e senti
e gostei
e me perguntei: por que não antes?
o que diabos a gente fez durante todos aqueles anos?
começo a me perder, as palavras não

respiro, o coração palpita
recomeçemos.

você também sentiu, o gosto?
e você gostou?
era o que eu gostaria de saber
se ainda fôssemos amigos.
lembra quando eu disse que seríamos amigos pra sempre?
eu lembro, e me dói demais imaginar que não.
ainda somos, não somos?

te odeio.
não pergunto mais de ti, não quero saber
quero sim, mas não quero.

você me entende, não?

queria muito te mandar pra puta que pariu
e já mandei diversas vezes
mas a coisa não funciona assim.
é mais do que o meu orgulho ferido,
é esse amor não consumido...

se não foi amor, foi o quê?
é o quê?

te amo, te odeio.

se um dia lembrar de mim...
você se lembra?