quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Acordo sempre esperando por alguma coisa.

Eu não sei, mas acho que é resultado dos sonhos que tenho. Acordo querendo estar em outro lugar, com outras pessoas, vivendo uma outra história qualquer que não seja a minha. Abro os olhos por alguns instantes e permaneço imóvel na cama. Tento lembrar o que estava na minha cabeça durante toda a noite e resquícios de ilusões imaginadas passam voando por mim e se vão. Às vezes elas voltam, em outras noites de sonhos constantes, mas, por enquanto, digo adeus. Fecho e abro os olhos para me acostumar com a realidade que me cerca. A janela ainda está fechada, mas consigo definir as formas dos objetos inanimados no meu quarto. É hora de acordar e viver. 

Levanto-me e faço a oração de todas as manhãs: que eu sobreviva, que eu sobreviva, que eu sobreviva, Ó, Deus. Olho para a cama e penso em voltar, me deitar e cobrir-me inteira com o cobertor. Seria bem mais fácil me esconder do mundo, me esconder das pessoas. Luto contra esse pensamento todos os dias, em vão, porque eu nunca volto para cama. 

Caminho pela rua e é como se minha mente vagasse por outros caminhos. Ela simplesmente não me acompanha, mas eu a deixo ir. Sei que é isso o que ela quer, apesar de que, quando voltamos, ela fica triste por deixar tantas coisas para trás. Quando vejo que ela está indo longe demais, agarro-a pelos braços e arrasto-a para mim. Ela sabe que o faço para seu próprio bem. Não é saudável uma dose tão forte de ilusão.

O trabalho me distrai de tudo isso. As tarefas mecânicas que realizo ocupam minha mente fugaz com preocupações passageiras, mas eloquentes enquanto vivas. A realidade desses atos me deixa hipnotizada, eu consigo perceber. Mas tenho forças para sair do transe. Eu sei que é exatamente isso o que eles querem, prender-nos com correntes invisíveis em lugares vazios cheios de gente. Não sucumbi totalmente a este mal, mas é muito difícil resistir bravamente. Deve ser bem mais fácil apenas deixar-se levar.

Dou adeus aos colegas e sigo o mesmo caminho de todos os dias, depois de mais um dia de trabalho como todos os outros. Sinto-me liberta depois de tanto tempo em um ambiente opressor. Esses novos ares me renovam e me dão forças para ir além, além de onde jamais fui. Entrego-me aos devaneios e vou sem pensar em voltar. Sou feliz em pensamento e, naquele momento, isso me satisfaz.

Guardo-me para à noite, o ponto alto do meu dia: a terra dos sonhos, a terra feliz me espera. É isso o que mentalizo nos intervalos das atividades diárias. É isso o que me alucina, é essa a minha droga. Sonhar é a cura de todo o meu mal, é o que me mantém viva.

É para isso, somente para isso.

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