1.
Eu poderia dizer que a nossa mesa é pequena, mas ela acomoda você e eu, e duas xícaras de chá, e um livro.
Essa mesa tem o tamanho do mundo.
2.
O único dia em que eu não dormi bem na nossa cama foi quando eu demorei demais a chegar. Você já dormia, um livro sob os braços, a luz acesa, a boca meio aberta e o cobertor a lhe aninhar. Eu deitei, e mesmo sem acordar, suspeito, você me cobriu.
Nessa noite, te amei em silêncio.
3.
9h15
"Temos tempo"
É o que sempre dizemos, ou melhor, é o que você sempre diz, ao que eu respondo
"Você vai se atrasar".
O que não é exatamente uma resposta brilhante. Não sei se você acredita no que diz, e me pergunto se eu acredito no que você diz, se alguma vez acreditei.
A verdade é que não importa os 15 minutos que nos restam, a hora que o seu relógio marca, a máquina que toma a nossa digital para precisar o exato momento em que chegamos, e o quão produtivos fomos.
Não importa as planilhas a preencher, os números de palavras, as datas de entrega, os e-mails passivo-agressivos, o falatório na mesa de trás.
Não importa os poucos minutos de intervalo, a hora que o computador marca, e que você espertamente tirou da sua tela, quantos minutos faltam para o táxi chegar, para o expediente terminar...
Afinal, nada disso importa.
"Temos tempo", você diz.
E eu acredito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário