terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Then, and now

Começa assim, parando aos poucos de viver como se vivia?
Não escrevo nem leio mais, minha vida é uma colagem
De momentos que poderiam ter sido e não foram.
Eu poderia ter lido todos aqueles livros
Ou escrito todos aqueles poemas que
Apareceram na minha cabeça quando eu
Estava andando de ônibus.

Eu poderia, ao invés de limpar a casa de manhã
E lavar a louça à noite,
Poderia ter lido todos aqueles livros
Ou escrito todos aqueles poemas

Mas agora tenho, temos
Uma casa, uma responsabilidade
Maior que as outras.

Eu vivi sempre sozinha
Mesmo quando estava em casa
Na outra casa que é e sempre será
Também minha casa.

Eu vivi sempre sozinha
E tudo era feito respeitando
O meu próprio tempo.
Afinal, cada um tem o seu próprio
T E M P O.

Desvio cada vez mais do assunto
Do rumo que tinha tomado para a minha vida
E, veja bem, não estou triste,
O caso não é este, já que
Sempre estive triste.

Agora existe o outro,
Para quem eu devo me reportar
Não por um sentimento de obrigatoriedade,
Mas porque é necessário, uma questão de empatia.

Não há mais espaço para minha tristeza.

Esse não é um poema triste,
É um poema de amor.
"Amar é lamber as feridas um do outro",
você me disse.

Amar também é causar feridas no outro
E também curar as feridas do outro.

Estou aqui, afinal, para dizer que
Tudo tem sido difícil – sim –
E às vezes mais do que apenas okay
E outras vezes mais do que eu poderia imaginar que seria.

Mas nunca pensei em ir embora
Quando

Você sabe.

Amar é dar um passo adiante mesmo quando tudo é breu.

domingo, 27 de agosto de 2017

Cenas do cotidiano

1.

Eu poderia dizer que a nossa mesa é pequena, mas ela acomoda você e eu, e duas xícaras de chá, e um livro.

Essa mesa tem o tamanho do mundo.

2.

O único dia em que eu não dormi bem na nossa cama foi quando eu demorei demais a chegar. Você já dormia, um livro sob os braços, a luz acesa, a boca meio aberta e o cobertor a lhe aninhar. Eu deitei, e mesmo sem acordar, suspeito, você me cobriu.

Nessa noite, te amei em silêncio.

3.

9h15

"Temos tempo"

É o que sempre dizemos, ou melhor, é o que você sempre diz, ao que eu respondo

"Você vai se atrasar".

O que não é exatamente uma resposta brilhante. Não sei se você acredita no que diz, e me pergunto se eu acredito no que você diz, se alguma vez acreditei.

A verdade é que não importa os 15 minutos que nos restam, a hora que o seu relógio marca, a máquina que toma a nossa digital para precisar o exato momento em que chegamos, e o quão produtivos fomos.

Não importa as planilhas a preencher, os números de palavras, as datas de entrega, os e-mails passivo-agressivos, o falatório na mesa de trás.

Não importa os poucos minutos de intervalo, a hora que o computador marca, e que você espertamente tirou da sua tela, quantos minutos faltam para o táxi chegar, para o expediente terminar...

Afinal, nada disso importa.

"Temos tempo", você diz.

E eu acredito.

domingo, 6 de agosto de 2017

Pre
      ci
          pí
              ci
                  o

Precipitar-se no precipício.

É precipitado,
Dirão.
Os outros são sempre
Os outros.
Que importa?
Precipitar-se
Não é de todo
Mal. Ou é?
Vai dar pé?
Não sei,
Não me
Interessa.
Apenas
Quero.
Sinto que
É certo.
Afinal,

É você.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Retalhos

Esqueça as poesias no bar
O frio, a cerveja mais gelada
Que a brisa cortando o seu rosto
Você tremendo da cabeça aos pés
Suas mãos grandes que pareciam
Tão pequenas, e você que pareceu
Durante muito tempo só um menino.

Esqueça o sexto andar,
O pôr do sol que sobrevive
Nessa cidade tão cinza, mas o ceú
O céu aqui é sempre tão bonito,
                                                   [já percebeu?]
As escadas intermináveis, meu coração que
Acelerava a cada degrau ultrapassado
Você me esperando no topo do
Sexto andar.

Esqueça a sessão das 20 horas
A terça-feira do primeiro encontro
A céu aberto, fora das paredes de concreto
E daquele ambiente de tensão permanente
(Segundo alguns, tensão sexual)
O filme francês que afinal não era Truffaut
Mas era um pouco mais do que apenas
                                                               [okay].

Esqueça Beethoven e os
Sentimentos de Alegria e Gratidão Depois da Tempestade
Afinal, não choveu, mas os sentimentos foram os mesmos
As caminhadas no centro que não me pareceu mais
Tão assustador estando ao lado de vocês
De você, que parece sempre saber
Mais do que eu, mais do que
Todo o mundo.

Esqueça os retalhos que ficaram
A caminhada no parque, o verde das
Árvores que riscadas tiveram que se defender
Assim como eu estou fazendo agora
Assim como eu venho fazendo
                                                       [há tanto tempo]
A mão que eu te dei, e o beijo que você
Na esquina da Haddock com a Antônio Bastos
Me tirou, não me roubou, porque ele já era seu.

Que você se lembre de tudo o que a gente
Não viveu, das músicas e dos filmes e dos
Livros que eu não te falei não sei porque, já que
Tudo me lembra, tudo me lembrava você
Que fique a impressão, apenas, esse poema
Tal como uma madeleine, um resquício
Da história que a gente
Não viveu.

sábado, 3 de junho de 2017

Lá e de volta outra vez

Eu tenho alguém
Sempre tive
Mesmo quando eu ainda era
Uma criança
Ele vem de vez em quando
Mas sempre pontual
Ele me espera
Na esquina das curvas
Escuras
Ele me guia
Ele me atravessa
Ele não diz que
Tudo vai ficar
Bem, mas
Não importa
Não importa porque
Já estou morta
Há muito tempo
Não é culpa de ninguém
Não é culpa de ninguém

quarta-feira, 24 de maio de 2017

01:48

Faz quase um mês.

Os dias nunca passaram tão rápido,
Os dias nunca passaram tão devagar.
Você veio e foi embora logo depois,
Olha a bagunça que ficou…
Eu não sei viver assim, nesse limiar
Entre a paixão reluzente e
A tristeza profunda.
É tudo culpa sua.
Eu estava bem,
Estava mal,
Estava eu,
Só eu.

Eu não sei,
Eu não quero,
Eu não consigo superar
Esses momentos em que
A vida vale mais que
Qualquer morte calma,
Qualquer alívio da alma.

Eu falei tudo,
Eu falei tanto...

É possível voltar no tempo e evitar o amor?

Esquece
Aquele beijo saudoso
Aquele abraço apertado
Aquelas mãos entrelaçadas
Aquelas palavras delicadas

Esquece
Os olhares furtivos
O choro
O riso

Esquece
A música que eu te mandei
O post que eu compartilhei

Esquece
O dia 12
O dia 13

Esquece
Janeiro
Maio

Esquece São Paulo
Esquece o frio que fez
E as caminhadas depois das 6
                                                [da tarde]

Esquece principalmente as noites
E o fato de que ficamos juntos durante todo o tempo.

Esquece que você veio
Esquece que eu

Esquece de mim

É possível voltar no tempo e evitar o amor?

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Thoughts at 1am

I'm gonna spoil everything
Like I always do
Like I always do

You know me
You don't know me
I don't think you know me
Because I don't even know myself

I love you
And that's why
I need to let you go

I love you so much
That I don't wanna hurt you
I hurt everybody I love, baby

And I love you the most.